domingo, 8 de julho de 2007

As duas fogueiras

















Textos base:

“Ora, estavam ali os servos e os servidores, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também. E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. Disseram-lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou” (Jo. 18: 18,25).

“Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão... Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe... E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros” (Jo. 21: 9,13,15).

Introdução.

Pedro foi o apelido dado por Jesus para Cefas, um judeu da Galiléia, casado, pescador, líder por excelência e que tinha um temperamento predominantemente colérico. Entretanto, tinha vários defeitos de caráter, problemas de relacionamento, extremamente instável, inseguro, dotado de uma vontade fraca, inconstante, oscilando entre momentos de intrepidez e em outros de profunda depressão.

Jesus decide “descascar esse abacaxi” e amorosamente o recebe como discípulo e decide iniciar um processo de cura interior, restaurando-lhe integralmente.

Esta reflexão visa chamar-lhe a atenção para o “tratamento de choque” dado a Pedro por Jesus a fim de recuperá-lo. A intenção é que você possa também receber os benefícios desse tratamento e cura.

1. Pedro conviveu muito tempo com Jesus.

Desde o seu chamado que perdurou por cerca de 3 (três) anos, Pedro manteve um estreito relacionamento com Jesus, acompanhou-o em viagens, presenciou milagres portentosos, pesca maravilhosa, pregações, curas espetaculares de cegos, coxos, leprosos, além de ensinos “ao pé do ouvido” e em meio à multidão faminta alimentou-se de pães e peixes.

Esse tempo foi suficiente para constatar e comprovar a paternidade divina de Jesus;

“Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo. 14: 9).

2. Pedro era um homem “corajoso”.

Em Mt. 26: 34 o texto trata sobre uma declaração de Jesus afirmando que seria preso, julgado e que haveria uma dispersão dos discípulos, indignado Pedro abruptamente afirma diante todos que jamais ficaria escandalizado com Jesus e que jamais o deixaria, independente das circunstâncias, Jesus retoma a palavra e confronta-o;

“Asseguro-lhe que ainda esta noite, antes que o galo cante três vezes você me negará” (Mt. 26: 34).

3. A ponta do “iceberg”.

A espiral descendente (de cima para baixo) se inicia no Jardim das Oliveiras na prisão de Jesus, pois Pedro num lampejo, afoitamente saca de sua espada e corta a orelha de um servo;

“Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.” (Jo. 18: 10)

Era somente a ponta do “iceberg”, pois Pedro começou a revelar sua cara feia, a ira, a violência, fazer justiça por suas próprias mãos, etc. Ele necessitava urgentemente de restauração e de transformação verdadeira em seu interior.

4. A primeira fogueira.

A vaidade, o orgulho, a soberba de Pedro impediu-o de acolher o alerta de Jesus e diante de da pergunta de uma serva mentiu descaradamente;

“Então, prendendo-o, o levaram, e o puseram em casa do sumo sacerdote. E Pedro seguia-o de longe. E, havendo-se acendido fogo no meio do pátio, estando todos sentados, assentou-se Pedro entre eles. E como certa criada, vendo-o estar assentado ao fogo, pusesse os olhos nele, disse: Este também estava com ele. Porém, ele negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço” (Lc. 22: 54-57).

E ainda por mais duas vezes, ao ser questionado, mostra seu verdadeiro caráter inseguro, indeciso e novamente mente e nega conhecer o Senhor Jesus;

“E, um pouco depois, vendo-o outro, disse: Tu és também deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou. E, passada quase uma hora, um outro afirmava, dizendo: Também este verdadeiramente estava com ele, pois também é galileu. E Pedro disse: Homem, não sei o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo” (Lc. 22: 58-60).

5. O gosto amargo do fel.

Após ter negado 3 (três) vezes e ouvir o galo cantar, Jesus olha para ele;

“E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro, e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Antes que o galo cante hoje, me negarás três vezes. E, saindo Pedro para fora, chorou amargamente” (Lc. 22: 61-62).

Os olhos amoráveis de Jesus entrecortam a multidão e contemplou-o, isso atingiu-o tão profundamente que inconformado com sua atitude, sai dali chorando, pois havia “caído na real” e constatando tardiamente que era uma pessoa que ainda necessitava de tratamento.

Suas dificuldades eram; o orgulho, a soberba, a vontade fraca, entre tantas outras. Em sua boca começou a destilar o gosto amargo do fel da sua insensatez, fica desiludido, amargurado e com um profundo sentimento de derrota e de frustração! Mas, isso é só o começo.

6. Abandonando o barco.

Houve uma sucessão interminável de acontecimentos com Jesus, seu julgamento, a multidão, a condenação, a tortura, a crucificação, o sepultamento de Jesus e após três dias lá estava Pedro temeroso em meio aos apóstolos “curtindo” sua amargura, sua desilusão, suas feridas e traumas que ainda não tinham sido curados.

Mesmo sabendo que Jesus havia ressuscitado e que as esperanças haviam sido renovadas ele não conseguiu reagir e decide abandonar o barco e “pendurar as chuteiras”.

E, para encerrar esse assunto, chama os demais discípulos e lança a ultima “pá de cal” no projeto “pescador de homens” e retoma sua antiga profissão de pescador de peixes.

7. A segunda fogueira.

Logo depois, enquanto todos pescavam, Jesus ressuscitado em corpo glorioso aparece na praia, pede um peixe, realiza novamente o milagre da pesca maravilhosa e chama-os para se alimentarem juntos, diante de uma fogueira;

“Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe” (Jo. 21: 12-13).

Imagine a cena, todos quietos, cabeça abaixada, nó na garganta, olhos fixos na fogueira e a certeza que Jesus “passaria um sabão” e foi exatamente isso que ele fez.

Jesus pergunta 3 (três) vezes a Pedro, confrontando-o numa seqüência muito incômoda; primeiro comparando seu amor em relação aos demais, a seguir se o amava e finalmente se ele gostava dele.

Em suma, Jesus começou com a palavra “ágape” no sentido de amor incondicional (divino) até chegar à palavra “filéo” que significa simplesmente gostar. Só que em todas as 3 (três) respostas Pedro diz “filéo”. Na verdade Jesus já esperava esta resposta, pois finalmente Pedro consegue falar a verdade e confessar que simplesmente gostava de Jesus e que ainda não o amava.

Conclusão.

Betelita, Jesus Cristo confrontou Pedro em duas fogueiras, mexeu em seu caráter, suas motivações até que ele consegue romper no sobrenatural, ser curado e realizar a impressionante pregação de Atos 2.

Jesus igualmente quer tratar seu temperamento, seus traumas ao perguntar-lhe; “Você realmente me ama? Ou apenas gosta de mim?”. Se você o ama verdadeiramente então sua atitude natural é cuidar dos cordeirinhos, das ovelhinhas de Jesus.

A conseqüência em estar curado é assumir o ministério de pescador de almas, assumir sua descendência na linhagem santa de Abel e Sete, daquela geração que busca ao Senhor, “partem para cima” e geram filhos para Deus.

Somente os curados, apaixonados, “loucos” por Jesus irão realizar a obra de Deus, ou você prefere ficar dando uma de “beiçola”, sempre jugindo e tentando se justificar como Pedro (sem cura)?.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

O giro da roda

Texto base:

“O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes” (Is. 61: 1).

Introdução.

Dentro da soberania divina há uma ordem imutável e eterna estabelecida nas Escrituras: o Pai (Deus Pai), o Filho (Deus Filho) e o Espírito ( Deus Espírito Santo), ou em sua ordem seqüencial revelada, a primeira pessoa da trindade (Deus), a segunda pessoa da trindade (Jesus Cristo) e a terceira pessoa da trindade (Espírito Santo).

Jesus Cristo tinha um propósito grandioso quando veio a esta Terra, porém só foi possível concretizá-lo por sua atitude deliberada e voluntária de humildade e submissão perante a Trindade (seu grupo pequeno). Da mesma forma, Jesus Cristo requer de cada líder tenha este posicionamento de humilhação, serviço e santidade perante os discípulos que estiver formando.

1. Há uma ordem eterna estabelecida.

Esta ordem pode ser aquilatada nas Escrituras, veja o que relata o apóstolo Mateus;

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt. 28: 19).

Portanto é notório que há uma ordem estabelecida na divindade Eterna; O Pai – aquele que planeja todas as coisas, O Filho – aquele que executa os planos divinos e o Espírito Santo – aquele que dá continuidade a esses planos.

2. O princípio espiritual da humildade.

Apesar de seu posicionamento de honra perante a divindade Eterna, as segunda pessoa da trindade, Jesus deliberadamente assume a posição de humilhação, sua prioridade foi assumir um princípio eterno e irrevogável, estabelecido no reino espiritual;

“Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc. 14: 11).

3. O posicionamento declarado publicamente.

Em Nazaré sua cidade natal, num sábado Jesus entra na sinagoga e revela sua postura de humilhação perante os religiosos da época, ao afirmar que o Espírito Santo estava sobre ele (acima dele) e que foi uma decisão absolutamente consciente;

“E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do SENHOR. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc. 4: 16-21).

4. O apóstolo Paulo reafirma este princípio.

O apóstolo Paulo, movido pelo Espírito Santo, compreendeu o princípio de humildade e submissão que permeia todas as pessoas da trindade, observe;

a) A humilhação de Deus Pai.

A ordem com relação a dons espirituais ficaria assim constituída; 1º) o Espírito Santo – 2º) Jesus Cristo – 3º) Deus Pai, observe a seguir;

“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito (Santo) é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor (Jesus) é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus (Pai) que opera tudo em todos” (I Co. 12: 4-6).

b) A humilhação do Espírito Santo.

A ordem com relação a bênção apostólica, ficando assim constituída; 1º) Jesus Cristo – 2º) Deus - 3º) Espírito Santo, como a seguir;

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” (II Co. 13: 14).

c) A humilhação de Jesus Cristo.

A ordem por conta da servidão, humilhação e esvaziamento completo, ficando assim constituída; 1º) Deus – 2º) Espírito Santo – 3º) Jesus Cristo, como a seguir;

“Que, sendo (Jesus) em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl. 2: 6-8).

5. A humildade é a propulsão que movimenta as rodas.

Há, portanto, uma roda acontecendo dentro da trindade, onde cada um deles se posiciona em humilhação diante dos outros, nenhum quer ser maior que o outro.

Na visão de Ezequiel junto ao Rio Quebar há os quatro seres viventes, o rosto de homem, a cara do Leão, a cara do Boi, e por fim a cara da Águia.Todas as rodas giram e as asas se tocam ordenadamente, sempre em concordância e na mesma direção;

“E os seres viventes corriam, e voltavam, à semelhança de um clarão de relâmpago. E vi os seres viventes; e eis que havia uma roda sobre a terra junto aos seres viventes, uma para cada um dos quatro rostos. O aspecto das rodas, e a obra delas, era como a cor de berilo; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e o seu aspecto, e a sua obra, era como se estivera uma roda no meio de outra roda. Andando elas, andavam pelos seus quatro lados ; não se viravam quando andavam” (Ez. 1: 14-17).

6. Os resultados da humilhação de Jesus.

Por Jesus ter considerado a trindade superior a ele mesmo, recebeu a recompensa da exaltação assentando-se sobre um trono de glória e o reconhecimento de toda a criação, observe;

“E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai” (Fp. 2: 8-11).

Ele se torna Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, assentado em grande majestade e glória.

Entretanto em relação aos homens recebeu autoridade para (Is. 61: 1-2);

a) Levar boas notícias aos pobres;

b) Cuidar dos que estão com o coração quebrantado;

c) Anunciar liberdade aos cativos;

d) Autoridade para libertar das trevas os prisioneiros;

Conclusão.

Betelita, você realmente é discípulo de Jesus Cristo? Pois ele te ensina por demonstração pessoal que se deve viver em arrependimento e humildade (mesmo diante da trindade);

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt. 11: 29-30).

Os apóstolos não somente conheciam esta verdade imutável, mas viviam-na;

a) Devemos nos sujeitar uns aos outros;

“Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef. 5: 21).

b) Devemos ter uma vida cristã irrepreensível e humilde;

“Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef. 4: 2).

c) Devemos amar incondicionalmente ao próximo,

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm. 12: 10).

d) Viver em humilhação diante de Deus;

“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte” ( I Pe. 5: 6).

Ora, se o que faz mover a roda na trindade é a atitude de humildade entre eles (Pai, Filho e Espírito Santo), então devemos ter a mesma atitude diante dos discípulos que estamos evangelizando, pois estaremos cumprindo fielmente o mandato do Senhor Jesus e vivendo o sobrenatural divino.

Betelita, hoje o Senhor Jesus te desafia a girar esta roda, esta engrenagem movida pela humildade, vivendo a mansidão, o serviço ao próximo, com humildade de coração.

“Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu (Jesus), porém, entre vós sou como aquele que serve” (Lc. 22: 27).