Textos base:
“Ora, estavam ali os servos e os servidores, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também. E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. Disseram-lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou” (Jo. 18: 18,25).
“Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão... Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe... E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros” (Jo. 21: 9,13,15).
Introdução.
Pedro foi o apelido dado por Jesus para Cefas, um judeu da Galiléia, casado, pescador, líder por excelência e que tinha um temperamento predominantemente colérico. Entretanto, tinha vários defeitos de caráter, problemas de relacionamento, extremamente instável, inseguro, dotado de uma vontade fraca, inconstante, oscilando entre momentos de intrepidez e em outros de profunda depressão.
Jesus decide “descascar esse abacaxi” e amorosamente o recebe como discípulo e decide iniciar um processo de cura interior, restaurando-lhe integralmente.
Esta reflexão visa chamar-lhe a atenção para o “tratamento de choque” dado a Pedro por Jesus a fim de recuperá-lo. A intenção é que você possa também receber os benefícios desse tratamento e cura.
1. Pedro conviveu muito tempo com Jesus.
Desde o seu chamado que perdurou por cerca de 3 (três) anos, Pedro manteve um estreito relacionamento com Jesus, acompanhou-o em viagens, presenciou milagres portentosos, pesca maravilhosa, pregações, curas espetaculares de cegos, coxos, leprosos, além de ensinos “ao pé do ouvido” e em meio à multidão faminta alimentou-se de pães e peixes.
Esse tempo foi suficiente para constatar e comprovar a paternidade divina de Jesus;
“Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo. 14: 9).
2. Pedro era um homem “corajoso”.
Em Mt. 26: 34 o texto trata sobre uma declaração de Jesus afirmando que seria preso, julgado e que haveria uma dispersão dos discípulos, indignado Pedro abruptamente afirma diante todos que jamais ficaria escandalizado com Jesus e que jamais o deixaria, independente das circunstâncias, Jesus retoma a palavra e confronta-o;
“Asseguro-lhe que ainda esta noite, antes que o galo cante três vezes você me negará” (Mt. 26: 34).
A espiral descendente (de cima para baixo) se inicia no Jardim das Oliveiras na prisão de Jesus, pois Pedro num lampejo, afoitamente saca de sua espada e corta a orelha de um servo;
“Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.” (Jo. 18: 10)
Era somente a ponta do “iceberg”, pois Pedro começou a revelar sua cara feia, a ira, a violência, fazer justiça por suas próprias mãos, etc. Ele necessitava urgentemente de restauração e de transformação verdadeira em seu interior.
A vaidade, o orgulho, a soberba de Pedro impediu-o de acolher o alerta de Jesus e diante de da pergunta de uma serva mentiu descaradamente;
“Então, prendendo-o, o levaram, e o puseram em casa do sumo sacerdote. E Pedro seguia-o de longe. E, havendo-se acendido fogo no meio do pátio, estando todos sentados, assentou-se Pedro entre eles. E como certa criada, vendo-o estar assentado ao fogo, pusesse os olhos nele, disse: Este também estava com ele. Porém, ele negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço” (Lc. 22: 54-57).
E ainda por mais duas vezes, ao ser questionado, mostra seu verdadeiro caráter inseguro, indeciso e novamente mente e nega conhecer o Senhor Jesus;
“E, um pouco depois, vendo-o outro, disse: Tu és também deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou. E, passada quase uma hora, um outro afirmava, dizendo: Também este verdadeiramente estava com ele, pois também é galileu. E Pedro disse: Homem, não sei o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo” (Lc. 22: 58-60).
5. O gosto amargo do fel.
Após ter negado 3 (três) vezes e ouvir o galo cantar, Jesus olha para ele;
“E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro, e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Antes que o galo cante hoje, me negarás três vezes. E, saindo Pedro para fora, chorou amargamente” (Lc. 22: 61-62).
Os olhos amoráveis de Jesus entrecortam a multidão e contemplou-o, isso atingiu-o tão profundamente que inconformado com sua atitude, sai dali chorando, pois havia “caído na real” e constatando tardiamente que era uma pessoa que ainda necessitava de tratamento.
Suas dificuldades eram; o orgulho, a soberba, a vontade fraca, entre tantas outras. Em sua boca começou a destilar o gosto amargo do fel da sua insensatez, fica desiludido, amargurado e com um profundo sentimento de derrota e de frustração! Mas, isso é só o começo.
6. Abandonando o barco.
Houve uma sucessão interminável de acontecimentos com Jesus, seu julgamento, a multidão, a condenação, a tortura, a crucificação, o sepultamento de Jesus e após três dias lá estava Pedro temeroso em meio aos apóstolos “curtindo” sua amargura, sua desilusão, suas feridas e traumas que ainda não tinham sido curados.
Mesmo sabendo que Jesus havia ressuscitado e que as esperanças haviam sido renovadas ele não conseguiu reagir e decide abandonar o barco e “pendurar as chuteiras”.
E, para encerrar esse assunto, chama os demais discípulos e lança a ultima “pá de cal” no projeto “pescador de homens” e retoma sua antiga profissão de pescador de peixes.
Logo depois, enquanto todos pescavam, Jesus ressuscitado em corpo glorioso aparece na praia, pede um peixe, realiza novamente o milagre da pesca maravilhosa e chama-os para se alimentarem juntos, diante de uma fogueira;
“Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe” (Jo. 21: 12-13).
Imagine a cena, todos quietos, cabeça abaixada, nó na garganta, olhos fixos na fogueira e a certeza que Jesus “passaria um sabão” e foi exatamente isso que ele fez.
Jesus pergunta 3 (três) vezes a Pedro, confrontando-o numa seqüência muito incômoda; primeiro comparando seu amor em relação aos demais, a seguir se o amava e finalmente se ele gostava dele.
Em suma, Jesus começou com a palavra “ágape” no sentido de amor incondicional (divino) até chegar à palavra “filéo” que significa simplesmente gostar. Só que em todas as 3 (três) respostas Pedro diz “filéo”. Na verdade Jesus já esperava esta resposta, pois finalmente Pedro consegue falar a verdade e confessar que simplesmente gostava de Jesus e que ainda não o amava.
Conclusão.
Betelita, Jesus Cristo confrontou Pedro em duas fogueiras, mexeu em seu caráter, suas motivações até que ele consegue romper no sobrenatural, ser curado e realizar a impressionante pregação de Atos 2.
Jesus igualmente quer tratar seu temperamento, seus traumas ao perguntar-lhe; “Você realmente me ama? Ou apenas gosta de mim?”. Se você o ama verdadeiramente então sua atitude natural é cuidar dos cordeirinhos, das ovelhinhas de Jesus.
A conseqüência em estar curado é assumir o ministério de pescador de almas, assumir sua descendência na linhagem santa de Abel e Sete, daquela geração que busca ao Senhor, “partem para cima” e geram filhos para Deus.
Somente os curados, apaixonados, “loucos” por Jesus irão realizar a obra de Deus, ou você prefere ficar dando uma de “beiçola”, sempre jugindo e tentando se justificar como Pedro (sem cura)?.