
Para entender o que são os Grupos Pequenos, tenho que exemplificá-lo com meu testemunho pessoal e pastoral. Para isso tenho que fazer um breve resumo de minha vida espiritual, nos 24 (vinte e quatro) anos que estive dentro da Igreja com paredes. O relato é constrangedor, pois vidas foram perdidas, neste longo período, por faltar-me visão de um acompanhamento pessoal, que poderia ser solucionado à contento, sem muitas perdas, por meio dos Grupos Pequenos.
1. Assistir aos cultos.
Os membros em geral de uma Igreja, com raríssimas exceções, podem ser comparados a “lustradores” de bancos, sua rotina consiste em estimular a vinda de não cristãos para serem “tratados” pelo pastor. Para isso é feito um convite para assistir a um culto, a fim de que eles pudessem ser salvas ao ouvirem o bonito louvor, e alem do mais, serem ministradas por um “profissional” habilitado e experiente. Éramos ensinados que esses ministradores tinham uma afinidade muito especial com Deus, eram especiais.
2. Participar de departamentos.
Havia também a obrigação de participar nos inúmeros departamentos da igreja como: diretorias, grupos musicais, corais, cultos especiais para homens, mulheres, jovens, crianças e um número sem fim de líderes. Portanto, havia um ativismo sem fim.
3. Participar do ministério.
Além disso, uma forte e bem organizada hierarquia espiritual denominacional, com aspirantes ao ministério, diáconos, presbíteros, evangelistas, missionários, pastores (locais, regionais), diretorias (locais, regionais e nacionais), “panelinhas”, “política” (ops!), membros do Conselho Administrativo Superior, presidências, entre outros. À primeira vista, uma organização muita bem estruturada.
4. Buscando posições.
Para fazer parte desse “ministério” era preciso estar presente às reuniões, participar dos departamentos, ser pontual, vestir-se adequadamente e de forma impecável, ser reconhecido como “conhecedor” das escrituras e espiritual. Portanto descrevi resumidamente a fórmula “mágica” para galgar os degraus no ministério local, regional e até nacional.
Por realizar a contento estas atividades, fui convidado a participar, por alguns anos, do mais alto grau da “nossa” hierarquia denominacional, o Conselho Administrativo Superior.
No entanto, algo me incomodava muito, apesar dos títulos, diversos cursos, habilitações em teologia, das muitas atribuições e responsabilidades, algo não estava bem, pois ao realizar simples visitas nos lares aos membros da Igreja, observava que eles estavam apáticos, sem frutificação e muitos com uma vida cristã sofrível.
Isto começou a crescer até se tornar uma grande “pedra no meu sapato” e apesar de todos os esforços empenhados, dedicar-me em tempo integral, aplicar-me exaustivamente em transmitir as melhores pregações, surpreendentemente, não havia transformação nas vidas dos membros. Fato raro era a busca de dons espirituais, a não ser em ocasiões especiais, com pregadores de outras igrejas.
7. Cacife espiritual.
Após perceber que não havia solução, a insistência nas mesmas coisas, os mesmos pecados, uma dependência quase “irracional” de alguém que tivesse um “cacife” espiritual mais elevado, para orar por suas vidas, correrem atrás de profetas a fim de abençoá-los, comecei a questionar métodos, formas, estratégias, conteúdos, e tudo me parecia obscuro e comecei a ter a convicção que algo estava muito errado, mas o que era?
8. Uma organização ou um organismo.
Observei, a priori, que não havia por parte dos membros da igreja, uma disposição para crescimento, envolvimento, amadurecimento, desenvolvimento e busca de santidade.
Na verdade a Igreja parecia “gessada”, funcionava como uma organização, vivendo de experiências do passado, eu ouvia expressões por parte dos saudosistas “ah!... naquele tempo acontecia isso, aquilo”. A verdade era que a igreja havia perdido o rumo, o poder do evangelho, de ser um organismo vivo ao invés de ser simplesmente uma organização, viver algo incomensuravelmente maior, o corpo do Senhor Jesus Cristo.
9. O socorro divino.
Onde estaria a solução? Após anos de oração e inconformado com a situação, o Senhor Deus veio em meu socorro e num sábado, fui convidado a participar de um café de pastores, numa Igreja Evangélica na Zona Leste de São Paulo, onde o Espírito Santo de Deus usou seu profeta, um pastor. O Senhor Deus primeiramente descreveu-me a situação que a Igreja se encontrava, a seguir, me deu direção para o que eu deveria fazer, revelando-me (literalmente) o texto bíblico de Mc. 6, ou seja, a multidão que correu atrás de Jesus, apesar dele ter ido para o outro lado do mar da Galiléia, no deserto.
10. O nascimento do bebê.
A partir de então o Espírito Santo começou a trabalhar incansavelmente dentro de mim, meu coração foi sendo mudado, me levando a pensar sobre as questões; cuidado pessoal e pastoral, além do amor incondicional pelas almas.
No ano de 2002, nasce finalmente (ufa! Já era a hora) um lindo bebê, “a coisinha mais fofa do papai”, uma estratégia de cuidado especial voltada para as vidas dos perdidos, por meio dos Grupos Pequenos, que o nomeei de “B52”.
Porem, o que é e como o “bebê” tem crescido fica para um próximo Pão da Presença.